Hoje, pelas 10h, a Telma, nossa companheira de passeios, o Francisco, meu fiel amigo de Intercâmbio, e eu partimos em direcção ao centro no ônibus 438 para desembarcar no Terminal das Barcas que fazem a ligação entre o Rio de Janeiro e Niterói.
Um pouco de história...
Temendo um novo ataque estrangeiro após a invasão francesa de 1555, o Governador Geral do reino de Portugal ofereceu a Araribóia, concessão das terras correspondentes à maior parte do actual território de Niterói, a Martim Afonso de Souza, em 1568. A aldeia fundada pelo índio temiminó em 1573 recebeu a denominação de São Lourenço dos Índios numa cerimónia solene. Niterói foi elevada à categoria de Vila em 1817, tendo São Domingos como sede. D. João frequentava São Domingos, hospedando-se, quando em visita, num palacete doado para esta finalidade. São Lourenço dos Índios passa a chamar-se, em 1819, Vila Real da Praia Grande. Só em 1834 é elevada à categoria de cidade, denominando-se Nictheroy (água escondida em tupi-guarani), tornando-se capital da Província do Rio de Janeiro. A importância político-administrativa deu novo impulso à cidade e seu crescimento tornou-se cada vez mais visível, com a multiplicação das edificações públicas comerciais, residenciais e também a abertura de novas ruas.
Em 1835, surgia o serviço de navegação a vapor da Companhia de Navegação de Nictheroy, ligando o Rio a Niterói. Em 1862, aparece a Companhia Ferry, com barcas mais confortáveis e luxuosas. Em 1956, é inaugurada a estação hidroviária de Niterói. Com a remodelação das embarcações, o percurso passa a ser feito em 20 minutos. Mas seria em 1974, com a inauguração da Ponte Rio-Niterói, a maior do Hemisfério Sul que a cidade ficaria fortemente ligada ao Rio. A construção tem o maior vão em viga reta contínua do mundo - o vão central, uma estrutura de aço com 300 metros de comprimento suspensa a 60 metros de altura e é a mais importante estrutura das Américas, com mais de 2.150 quilômetros de cabos e considerada uma das três maiores pontes do mundo em volume espacial (relação entre o comprimento, a largura e a altura dos pilares e fundações).
A nossa visita!
Chegados à estação das barcas de Niterói dirigimo-nos a um posto turístico onde nos ofereceram dois mapas sobre a cidade: um deles de gastronomia (o meu favorito!) e outro sobre os principais pontos a visitar. De imediato apanhados o ônibus 47B para chegar ao tão famoso e renomeado MAC - Museu de Arte Contemporânea do famoso Oscar Niemeyer.
Como um disco voador que parece pairar sobre a linha do horizonte de Niterói o MAC é em tudo magnífico na sua construção. O pilar que suporta a estrutura de forma oval achatada, como uma nave de um OVNI, é tão estreito que para quem olha de longe a sensação é a de que o edifício levita no ar. Uma rampa de linhas futuristas permite ir subindo desde o 1º piso, onde o restaurante "Chic Niterói" ocupa lugar com uma vista deslumbrante sobre a Baía de Guanabara, até ao 3º piso, onde se encontra o museu propriamente dito, passando pelo 2º piso com a loja e bilheteira.
Ao subir a rampa a sensação é a de perfeita harmonia com o Cosmos e a Natureza, como que uma onda de vento nos envolvesse no ambiente mágico de comunhão entre o edifício e a Baía.
E chegados ao topo a vista é literalmente "breath taking"!
Lá dentro do museu algo que o meu pai adoraria pelo "expoente máximo da intelectualidade" mas que para mim, muito mais parecido com a minha mãe, é difícil de entender qual a ciência ou até mesmo beleza: numa parede a obra "nuvens musicais" numa tentativa de expressar em telas o céu e a música; noutra a obra de umas ondas pintadas em papel branco; e na última uma televisão microscópica com cenas de praia de Niterói em 1900 e troca o passo! Em suma, fraca a exposição. Mas só pelo sítio e beleza do edifício e das vistas valeu!
À saída regressámos para os abrasadores 30º do exterior e ainda comprámos umas t-shirts do museu com direito a foto sobre as praias de São Francisco.
Como a hora de almoço estava próxima e o estômago já dava horas fomos almoçar ao nosso já conhecido SubWay onde comemos as nossas belas sandes quilométricas e super bem servidas no Shopping Plaza Niterói.
Numa verdadeira aventura, apanhámos o ônibus 33 para ir visitar a Fortaleza de Santa Cruz, primeiro ponto de entrada na Baía de Guanabara onde os portugueses chegaram primeiramente antes de se aventurarem para o interior misterioso daquilo que é hoje o Rio. Mas arrepende-mo-nos...O ônibus começou a tomar um percurso em direcção à favela próxima da fortaleza, onde habitam maioritariamente pescadores e o motorista só nos disse "ah, é rapidinho...vão sempre em frente e é meia hora no pé". Quando olhámos o suposto caminho que o motorista nos tinha aconselhado verificámos que era uma subida íngreme ladeada de favela que subia a montanha para depois a descer e finalmente ao fim de uma recta de um quilómetro chegar à fortaleza! A opinião de todos foi unânime em não prosseguirmos. Parecia evidente o que nos podia acontecer além de que o passeio estava literalmente feito para quem tivesse carro, o que não era o nosso caso.
Metemos o rabinho entre as pernas e do alto do nosso ar de "gringos" puros apanhámos o mesmo ônibus para o centro, de onde tínhamos vindo. Descemos no calçadão da Praia de São Francisco e como não havia muito mais a ver decidimos sentar-nos no passeio, virados para a Baía, com o Pão de Açucar e todo o Rio a sorrirem-nos da outra margem. Ali ficámos meia hora a apreciar uma bela água de coco gelada.
O regresso foi normal nas mesmas barcas que nos tinham levado a Niterói.
Foi um dia bem passado ainda que estivesse à espera de algo mais cosmopolita e movimentado.
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